Selma de Assis Moura
Pensadores como Paulo Freire apontam para o reconhecimento de que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura da palavra escrita implica na ampliação da possibilidade de leitura do mundo. Assim, concluímos que o não desenvolvimento de bons leitores limita as possibilidades de leitura do mundo, da compreensão da realidade social e da intervenção do sujeito buscando a transformação da sociedade.
No intuito de desenvolver, desde a mais tenra idade, o hábito e o prazer da leitura, desde a educação infantil devemos oferecer oportunidades de leituras variadas, leitura não apenas de textos escritos, mas a própria leitura e interpretação do mundo em que a criança está inserida e do qual faz parte como ator social. O acesso a diferentes tipos de texto, mesmo bem antes da alfabetização, permitirá desenvolver tais capacidades, alem de apresentar à criança elementos constitutivos do texto: vocabulário, estrutura, enredo, coerência interna, elenco de personagens e, além disso, o uso social da escrita, elementos esses que serão fundamentais no processo de alfabetização. Isso porque constatamos que “as crianças constroem conhecimentos sobre a escrita muito antes do que se supunha” (MEC/SEF, 1998, vol.3, p. 123).
Diferentes tipos de textos
Os Contos
Instrumentos privilegiados nesse sentido são as histórias infantis. Além de desenvolver o interesse pela leitura, vem também ampliar o universo vocabular, permitir o exercício da fantasia e da criatividade. Ao apresentar, de modo maniqueísta, a polarização bem/mal, virtude/vício, recompensa/castigo, possibilitam a discussão de padrões éticos e morais, e a formação de valores. A paixão das crianças pelos Contos vem das próprias características de seu desenvolvimento. “Sonhadora e imaginativa por natureza, a criança aceita sem hesitação o ilogismo das narrativas mágicas presentes nas histórias infantis” (Alberton, 1980). Seu interesse e participação nas atividades de leitura dessas histórias são poderosas ferramentas na formação de bons hábitos leitores. “O pensamento mágico da criança traz recursos inesgotáveis para que se exercite sua imaginação e fantasia, passando o sonho e a realidade, muitas vezes, a se confundirem, o que reforçaria sua espontaneidade criadora” (Nicolau, 1990, p.131). Dar possibilidade à expressão desses pensamentos possibilitará um crescimento pessoal e social, através da interação com seus pares, que vivem fantasias semelhantes.
A Poesia
As crianças pequenas se encantam com as poesias, que lhes parecem (e na verdade são) brincadeiras com as palavras. O ritmo, a métrica e as rimas são logo percebidos pelas crianças, que passam a brincar de fazer poesia, focam sua atenção à sonoridade das palavras, e montam seus versinhos orgulhosamente.
O texto informativo
O trabalho com textos informativos, encontrados, por exemplo, em jornais, revistas, Internet e enciclopédias, permite a formação do hábito de ler para estudar, para buscar informações, competência essencial por toda a vida. As crianças percebem a diferença entre esse tipo de texto e os textos de ficção, pois passam a perceber a realidade imediata expressa nos artigos de jornais e revistas, que comparam com as conversas que ouvem, aquilo que vêem na rua e o que assistem na televisão. Ao trazer esses textos à análise das crianças, vemos surgir acaloradas discussões, onde as crianças põem em jogo aquilo que sabem sobre o tópico tratado, trocam opiniões, debatem e assim a prendem a negociar, a expressar verbalmente suas idéias, a rever seus conceitos. Os textos informativos, quando integrados ao trabalho com textos em geral, amplia as possibilidades de leitura do mundo.
As histórias em quadrinhos
Embora já tenham sido alvo de preconceito por parte dos adultos, os gibis hoje são aceitos para o entretenimento das crianças. Contudo, as HQs carregam grandes possibilidades de trabalho com texto, pois têm uma linguagem própria, aliando recursos de imagem e texto, apresentando histórias com textos curtos e sendo muito atraentes às crianças. Para os pequeninos que começam a perceber as letras e como elas formam palavras, e aventuram-se pelas primeiras leituras, oferece a vantagem adicional de serem escritos com letras maiúsculas, àquelas que eles começam a identificar primeiro. É imprescindível contar também com gibis na biblioteca familiar e na escola.
Fonte:http://www.overmundo.com.br/overblog/a-importancia-de-leitura-de-textos
Ler ou contar?
Bete Godoy
http://paraalmdocuidar-educaoinfantil.blogspot.com/2009/06/ler-ou-contar-bete-godoy-linguagem-oral.html
A linguagem oral se expressa em dois domínios que se relacionam: o oral e o escrito. A roda de contação e a roda de conversa se apresenta como caminho para o desenvolvimento da linguagem oral. Nas escolas de educação infantil ler ou contar histórias é uma prática que faz parte da rotina do professor. O hábito de compartilhar histórias guarda inúmeros significados. Está relacionado com o cuidado afetivo, construção de identidade, desenvolvimento da imaginação, capacidade de escutar os outros e de expressar idéias e sentimentos, bem como de compartilhar conhecimentos. Mas, não podemos afirmar que as duas situações de compartilhar histórias sejam iguais e que desenvolvam as mesmas aprendizagens.
Então, qual a diferença entre ler ou contar histórias?
Segundo Ana Lucia Antunes Bresciane ao contar uma história, podemos usar nossas próprias palavras, interpretá-las de diversas maneiras, utilizando os mais diversos recursos, podemos inclusive recriá-las, acrescentando-lhes novos elementos, provenientes de nossa imaginação ou do contexto em que estamos inseridos. Mais próxima da oralidade, a história que se conta é mais flexível, depende da pessoa que conta. Ler uma história, por sua vez, utilizamos palavras que estão escritas. Embora seja possível interpretar de formas diferentes, modificar a entonação, a altura ou o timbre de voz, na leitura o texto é sempre o mesmo, independente do leitor. Traz consigo marcas especificas da língua escrita e que não utilizamos cotidianamente ao falar.
OBJETIVOS COM A CONTAÇÃO:
- desenvolver a linguagem oral;
- valorizar a perpetuação do hábito de contar histórias;
- aguçar a imaginação;
- aprendam a contar suas próprias histórias;
- saber escutar o outro;
OBJETIVOS COM A LEITURA:
- despertar o gosto pela leitura;
- desenvolver o comportamento leitor;
- trabalhar conceitos;
- ingressar a criança no universo letrado;
Antes, durante e depois
HORA MARCADA: a “roda” de história deve ser acrescentada à rotina e acontecer, quase sempre, no mesmo horário para se tornar um hábito. É importante escolher momentos de maior tranqüilidade, isso facilita a concentração e o interesse das crianças.
LUGAR CONVIDATIVO E ACONCHEGANTE: assim deve ser o espaço preparado para as crianças sentirem-se bem, e a vontade, na hora da leitura ou contação de história. Uma dica é ter um tapete ou almofadas. Mas isso não impede que se realize esta atividade em outros lugares como embaixo de uma árvore, no parque, na biblioteca, na sala de aula ou onde sua imaginação permitir.
POSTURA DO PROFESSOR: o professor deve ler (em voz alta) a história antes que faça isso com as crianças. É importante que tenha conhecimento das falas, que saiba o “desenrolar” da história para conduzir de forma instigante a leitura. Essa dica também é válida quando for contar uma história, ensaie antes, prepare-se para não enfrentar surpresas desagradáveis. Outro fator importante é o exemplo do comportamento leitor.
PLANEJAMENTO E ESCOLHA: considerar a faixa etária e as características do grupo. Escolher títulos interessantes, com bons textos e ilustrações. Não se esquecer de apresentar para a criança os vários tipos de textos: histórias, contos de fadas, gibis, matérias de jornais e revistas, poemas e poesias, trava-línguas, rimas, literaturas de cordel, textos publicitários, dentre outros.
RECURSOS: durante uma leitura não é necessário nenhum tipo de recurso, a não ser o da voz, para prender a atenção das crianças, um bom livro é suficiente para que isso aconteça. Já na contação é permitido lançar mão de recursos para torná-la mais interessante e convidativa, mas sem exageros. A utilização de objetos pode ajudar a criança a imaginar e a construir a narrativa. Um xale, chapéu, óculos podem ser suficientes ou fantoches (de vara, de mão, de dedo), sucatas, sons, o próprio corpo, etc.
UM CONVITE: antes de começar a ler ou contar uma história aguce a curiosidade das crianças. Apresente o livro, diga o nome do autor e do ilustrador para que elas comecem a se familiarizar com os nomes e estilos de cada um, dê dicas de forma objetiva e clara. Ao longo da atividade ela estará internamente mais organizada situada e interessada.
E AGORA... ao terminar converse com o grupo sobre a atividade. O que acharam, que parte mais lhe chamaram a atenção, se conseguem recontar a história, quais sentimentos e sensações foram despertados e se desejar registre isso com eles.
Fonte http://www.alb.com.br/anais16/sem13pdf/sm13ss17_05.pdf
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